Estudantes participam de ações para preservar o rio São Francisco
“O rio São Francisco é o vento que você sente,
a flor que você vê; em tudo que é vida
está presente, até mesmo dentro de você”.
Se alguns cuidam do “Velho Chico” em versos, como estes de Manuka Almeida, outros, a exemplo de pesquisadores da Embrapa Semiárido, geram conhecimentos e informações para que o rio e suas margens jamais deixem de inspirar poetas e nem o seu uso seja marcado pela degradação do ambiente.
No caso dos trabalhos de pesquisa, as experimentações científicas com recursos tecnológicos que incluem imagens de satélites, softwares de precisão, dentre outros, ganharam conteúdos e formatos voltados para um tipo de público considerado especial para ações de preservação do rio: jovens estudantes de escolas públicas de Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina, em Pernambuco.
Nos últimos dois meses, o engenheiro agrônomo Tony Jarbas Ferreira Cunha, pesquisador da Embrapa Semiárido, está envolvido com palestras em estabelecimentos de ensino das áreas urbana e rural, onde apresenta conclusões do projeto que coordena “Contribuição à revitalização do rio São Francisco com base na restituição de sua mata ciliar e recuperação de áreas degradadas”.
Mais que isso, tem conduzido os estudantes pela dinâmica de uma aula diferente. No viveiro de plantas do Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, aprendem a produzir mudas de espécies nativas que formam a vegetação natural das margens do rio São Francisco.
Em outro momento, são levados a conhecer um trabalho experimental da instituição de recomposição da mata ciliar em uma área que teve a vegetação totalmente extraída e havia deixado o solo sem nenhuma cobertura. No local, os jovens veem espécies como ingazeira, jatobá e muquém replantadas em seu local de origem.
Salvar – Desta iniciativa já participaram cerca de 150 estudantes. Geneali Evangelista, do Colégio Estadual Santa Maria, em Lagoa Grande, revelou: “Eu não sabia que plantando essas árvores ajudava a preservar o rio”.
As árvores da margem servem de barreiras naturais contra a invasão dos sedimentos, principalmente quando ocorrem chuvas. A destruição da mata ciliar faz com que a areia das margens avance para dentro do rio, num fenômeno chamado de assoreamento. É um dos mais graves problemas registrado na bacia do rio São Francisco.
Outra estudante, Simone Elys, aluna do 30 ano do ensino médio, esteve presente em curso ministrado por Tony Jarbas no local onde estuda - Escola Estadual Pacífico da Luz, de Petrolina, e ainda participou, junto com mais 50 colegas, do dia de campo “Contribuição à revitalização do rio São Francisco”, onde aprendeu a fazer mudas de plantas da mata ciliar.
“O rio tem grande importância para a região. Deve ser bem cuidado, é uma das nossas riquezas”, afirmou a estudante.
Tony Jarbas destaca que as informações reunidas pelos pesquisadores envolvidos na execução do projeto respondem à gravidade representada pela destruição das plantas que compoem as margens do rio. Ações dessa natureza precisam de importante complemento: “sensibilizar as próximas gerações a respeito dos problemas ambientais".
“Vocês poderão ser os futuros prefeitos, vereadores, professores e precisarão estar atentos para a preservação do rio porque se ele morrer, as nossas cidades também morrerão”, disse o pesquisador. A degradação do rio é uma séria ameaça à principal atividade agrícola da região: a agricultura irrigada, garante.
Para a professora Leonilza Moreira, do Colégio Estadual Santa Maria, os eventos programados pela Embrapa são “momentos de cidadania”. “É necessário que as pessoas entendam a importância da natureza para a nossa sobrevivência. Temos que estar em equilíbrio com o meio ambiente, a cidadania também envolve esse tipo de questão”, avaliou a professora.
Preservação - O conjunto dos municípios localizados no submédio do vale do São Francisco, entre eles Lagoa Grande e Petrolina, faturam R$ 2 bilhões por ano com a fruticultura irrigada. Destes, R$ 500 millhões resultam das exportações de manga e uva.
Toda essa riqueza tem origem no rio São Francisco. Porém, essa fonte de vida e dividendos tem sido degradada progressivamente. Atentos ao problema ambiental gerado pela degradação do São Francisco, diferentes organizações tem enfrentado o desafio de revitalizar o rio.
O projeto, que envolve as duas Unidades da Embrapa em Petrolina-PE, já produziu cerca de 200 mil mudas de espécies nativas para apoiar as ações de revegetação da Codevasf ao longo de 400 km da margem esquerda do rio, entre os municípios pernambucanos de Petrolina e Petrolândia, no submédio São Francisco.
Além da Embrapa Semiárido e da Embrapa Transferência de Tecnologia, participam do projeto o Banco do Nordeste e o INCRA.
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Contatos:
Tony Jarbas Ferreira Cunha – pesquisador;
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