Revitalização do Rio São Francisco

24 de março de 2010
Rio São Francisco recebe 100 mil peixes 15h06, 24 de março de 2010
Assessoria/Codevasf
Peixamento foi realizado no São Francisco

As águas do Rio São Francisco encheram-se de vida na terça-feira , 23 de março, com a inserção de 100 mil peixes juvenis de espécies nativas durante peixamento realizado pela 5ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em parceria com a Prefeitura Municipal de Piranhas. O repovoamento do “Velho Chico” ocorreu no povoado Entremontes em meio a programação da Semana da Água de Piranhas, município ribeirinho localizado a 291 Km da capital alagoana.


De acordo com o superintendente regional da Codevasf em Alagoas Antônio Nélson de Azevedo, a realização deste peixamento na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, 22 de março, não ocorre por acaso.


“A Codevasf está levando a frente um programa ousado de revitalização do Rio São Francisco. Revitalizar significa recuperar a vida e é isso que estamos fazendo quando implantamos sistemas de esgotamento sanitário em diversos municípios alagoanos com o objetivo de recuperar os principais afluentes do “Velho Chico”, a exemplo do Rio Ipanema, que corta o sertão alagoano. Fazemos isso também quando promovemos ações socioambientais que recuperar a relação da comunidade com o São Francisco e seus afluentes. E por isso estamos na semana mundial da água devolvendo ao meio ambiente natural essas espécies nativas, que irão impulsionar a pesca artesanal e recuperar a ictiofauna do Baixo São Francisco”, explicou.


Essa não é a primeira vez que a Codevasf realiza peixamento nas água do Rio São Francisco que cortam Piranhas. Somente no ano passado foram inseridos cerca de 700 mil alevinos de espécies nativas no São Francisco. “Pretendemos agora realizar um acompanhamento biométrico para verificar os resultados dos últimos peixamentos, como crescimento dos peixes e mortandade. Assim podemos identificar também se os animais estão em tamanho e peso ideal para consumo”, afirmou Glênio Tavares, secretário municipal de Pesca e Meio Ambiente de Piranhas. Ele ainda afirmou de forma entusiasmada que os pescadores da região já festejam o aumento na quantidade de peixes no rio após as ações de peixamento da Codevasf.


Glênio Tavares também explicou o porquê da escolha do povoado Entremontes como local para realização do peixamento. “Nesta área estão localizadas as condições ideais para reprodução das espécies nativas do Rio São Francisco, como, por exemplo, pedras em abundância e riqueza de material orgânico”, esclareceu.


O peixamento foi acompanhado por diversos estudantes, professores, pescadores e moradores da região, o que, na avaliação do engenheiro de pesca Álvaro Albuquerque, chefe de Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros do São Francisco (Ceraqua/SF), unidade da Codevasf que produziu os alevinos, dá um dimensão maior às ações de peixamento.


“Mais que aumentar a quantidade de pescado no São Francisco, os peixamentos são um aula de educação ambiental para todas as idades. A satisfação das crianças em colocar um peixe nas águas é surpreendente, pois ali ela sabe que é ator principal neste cenário de revitalização do Rio São Francisco”, afirmou.


Fonte: Assessoria/Codevasf


quinta-feira, 25 de março de 2010


Mutirão de Limpeza das Corredeiras do rio São Francisco

A comunidade da cidade norte mineira de Pirapora se une para limpeza das corredeiras do rio São Francisco.

O acúmulo de barro entre os canais, muito mato enraizado entre as pedras, dificultava a subida dos peixes na piracema e já estava afetando o abastecimento de agua da cidade.


Munidos de enxadas, pás, carrinhos de mão e muito boa vontade, todos participaram. Poderão ver por este vídeo, das crianças aos mais velhos todos participaram de uma forma ou outra.




Revitalização do Rio São Francisco


A NOTÍCIA Joinville
Joinville
6 de abril de 2010. | N° 726Alerta
ARTIGO

Manobras insanas, por Samantha Buglione*

O mundo ficou impressionado com o ressecamento do mar de Aral. Para Ban Ki-Moon, secretário-geral das Nações Unidas, é um dos desastres mais chocantes do planeta. O lago, que já foi o quarto maior do mundo, secou 90% desde que os rios que o alimentavam foram desviados em um projeto para aumentar a produção de algodão na árida região. Mas chocante não é o lago secar. Chocante é seguirmos fazendo manobras insanas que levam a esse tipo de acontecimento. O assustador não é a seca, ela é uma consequência; assustador mesmo é a ação humana.

A evaporação das águas do mar de Aral deixou camadas de areia altamente salgadas e causou problemas de saúde na população local. Algo que certamente não estava no cálculo daqueles que defendiam o projeto de alteração dos rios. Os impactos mediatos nunca são lembrados. O mesmo acontece em projetos como o da fosfateira em Anitápolis, o estaleiro em Biguaçu, a transposição do rio São Francisco ou o insistente aumento de construções em áreas que deveriam ser preservadas.

Talvez a razão de tanta estupidez seja a nossa incapacidade de perceber valor inerente nas outras formas de vida. Somos demasiadamente antropocêntricos e isso está sendo o nosso fim. Não respeitamos os animais não-humanos e os ecossistemas naturais simplesmente porque eles não têm uma racionalidade semelhante a nossa. Ou porque cremos, por conta de algum postulado que nos beneficia que tudo que está no mundo existe para nos servir. Esquecemos, porém, que nós mesmos estamos perdendo, dia a dia, nossa autonomia. Seja a autonomia prática que implica dominar os movimentos do corpo, de escolher um alimento sem veneno, seja a autonomia que significa dar uma finalidade para a própria vida. Vivemos um novo feudalismo, o feudalismo voluntário. E isso sim é assustador.

Cada vez mais não conseguimos andar sem ficar ofegante, caminhar descalço, subir em árvores. Não somos autônomos, afinal, não conseguimos nem mesmo subir em um muro sem uma escada. Alguns irão pensar que isso é coisa de macaco ou de homem das cavernas e que seria uma ofensa para nossa evolução conseguirmos nos virar no mundo pelas próprias mãos. A questão é que o conceito de poder não é ter alguém ou algo nos servindo, mas ter condições de ser senhor da própria vida. Deveria, portanto, ser um dever moral suportar o próprio corpo e todo o lixo que ele produz.

Quando dizemos que tudo tem valor simplesmente porque nos serve – serve aos humanos – transformando as coisas vivas do mundo em objeto de nossa satisfação, acabamos por eleger como fundamento da nossa ação a moral que crê que humanos são superiores. Humanos não são superiores, são singulares, e são tão singulares quanto uma barata. A diferença é que conseguimos facilmente matar uma barata. Talvez, por isso, por esse poder de morte e destruição, cremos que sejamos melhores. O irônico disso tudo é que no saldo final das destruições ambientais que nossa espécie está promovendo, como a da seca do mar de Aral, serão as baratas que resistirão e ficarão para contar história. Ao que tudo indica, serão as inferiores baratas os novos predadores.

*Professora de direito, bioética e do mestrado em gestão de políticas públicas da Univali. Doutora em ciências humanas/
buglione@antigona.org.br