sábado, 26 de fevereiro de 2011

Nova Transnordestina Logística

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Frutas do São Francisco

Frutas do São Francisco

São Francisco na agenda da Presidenta Dilma

São Francisco na agenda de Dilma
Celso Calheiros
19 Fev 2011, 00:00


Lula e Dilma, com governador Eduardo Campos (PE) , detonam dinamites para abertura dos canais da transposição (foto: Ricardo Stuckert/ Presidência)
Recife - A maior obra de engenharia em andamento no Brasil continua rasgando solo, abrindo a Caatinga, criando reservatórios e pequenas hidrelétricas. A transposição do rio São Francisco conta com o entusiasmo do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), e do seu padrinho político, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Ambos participam nesta segunda-feira, dia 21, da primeira reunião com os governadores nordestinos que a presidente da República, Dilma Rousseff, realiza em Aracaju (SE). Na pauta, os investimentos na região. A polêmica obra de transposição deve ser destaque na pauta.


Não poderia ser diferente. Trata-se de um empreendimento colossal, com a construção dos canais Norte e Leste, estações elevatórias, aquedutos, túneis, obras de engenharia pesada por 390 municípios em quatro estados, com o objetivo oficial de garantir o abastecimento de água para 12 milhões de brasileiros, em 2025.


A licença de instalação concedida março de 2007, depois da análise do EIA/Rima, levou o Ibama a pedir várias medidas, planos, programas, ações mitigadoras e compensatórias (estão lá no processo 02001.003718/94-). As solicitações do órgão ambiental foram organizadas em 32 Projetos Básicos Ambientais (PBAs). Esses requisitos se tornaram necessários para o andamento das obras seguindo o que determina a legislação ambiental.


Os PBAs estabelecidos na licença de instalação concedida pelo Ibama, estão sendo executados, mas alguns especialistas ouvidos por esta reportagem criticam a timidez dos investimentos.


A relação do Ibama pede desde educação ambiental para as populações que serão afetadas pelos canais, como acompanhamento no reassentamento das populações atingidas, apoio técnico às prefeituras, desenvolvimento das comunidades indígenas, prevenção à desertificação, recuperação de áreas degradadas e conservação de fauna e flora.


Educação ambiental 



Ficha do governo com informações do projeto. Clique para baixar alta resolução (fonte: Ministério da Integração Nacional)


 Ficha do governo com informações do projeto. Clique para baixar alta resolução (fonte: Ministério da Integração Nacional)
Os investimentos em educação ambiental tem entre seus objetivos formar agentes multiplicadores através da capacitação de personagens-chaves, como educadores, trabalhadores nos canteiros de obras e agentes de saúde, por exemplo. No entanto, a informação difundida aprofunda o debate sobre o uso dos recursos hídricos e sobre o próprio Rio São Francisco, testemunha um biólogo, que preferiu se afastar do trabalho junto às comunidades diretamente afetadas pela obra.


O sociólogo Rodrigo Tavares, técnico do Centro Cultural Luiz Freire, também critica a pequena capacitação dos agentes multiplicadores. “Prometeu-se uma ação mais efetiva, mas apenas 20% do acertado estão sendo colocado em prática”, calcula Rodrigo Tavares. Ele também critica a falta de diálogo com as comunidades envolvidas, em especial indígenas e quilombolas, povos tradicionais do semiárido nordestino.


Trinta e três povos indígenas, que vivem ao longo do São Francisco, protestam contra mais uma ação no rio-mar. “O rio é pai e mãe das nações indígenas”, declara o cacique Neguinho Truká. O cacique Cícero Tumbalalá reclama da falta de diálogo. “Com conversas, poderíamos buscar soluções melhores fora da transposição”. Diferentes protestos foram liderados pelos indígenas sertanejos.


Nova cultura


As comunidades ribeirinhas do rio São Francisco (foto Marcelo Lyra/ABr)
Alguns problemas são apontados pelo sociólogo como colaterais. Com grandes empreiteiras em atividade na região, o técnico do Centro Luiz Freire Rodrigo Tavares verificou uma migração do jovem agricultor para o trabalho nas empreiteiras responsáveis pelas obras da transposição e de construção da ferrovia transnordestina. “Logo, ele está se afastando da atividade rural e procurando as novas oportunidades nas cidades”, explica.


O movimento é testemunhado por Pedro Fernando dos Santos, educador e militante quilombola da comunidade de Santana. Ele conta que as frentes de trabalho afastaram homens e mulheres das roças de feijão, coentro e cebola. O traçado do canal no eixo Norte também prejudicou a criação de caprinos. “Antes os animais eram criados soltos, mas os canais tornaram as áreas de pastagens inacessíveis”, explica Pedro Fernando dos Santos.


As críticas avançam em novos campos. O engenheiro agrônomo da Fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna, aponta para o nível de expectativa dos agricultores do semiárido paraibano, crédulos de que a solução dos problemas da estiagem está no acesso a água puro e simples. Suassuna lembra que a agricultura no semiárido obedece a princípios que serão alterados. As mudanças precisam vir acompanhadas do trabalho de extensão agrícola, que será obrigatória para o sucesso da integração das bacias. Essa medida está prevista no PBA-16, de fornecimento de água e apoio técnico para pequenas atividades de irrigação ao longo dos canais para as comunidades agrícolas.


Recuperação de área degradadas


Projeto da transposição prevê recuperação de áreas degradadas (foto: Agência Brasil)
Nem tudo são críticas. O professor José Alves de Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), soube ler na crise a oportunidade de fazer pesquisa de qualidade. Ao tomar conhecimento que seria executado um trabalho de revitalização do Rio São Francisco antes de se iniciar as obras da transposição, apresentou um projeto e conseguiu montar o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad).


O trabalho do Crad da Caatinga é pioneiro, conseguiu dados inéditos, um acervo de 3 milhões de sementes e conhecimento sobre o único bioma exclusivamente brasileiro. Ainda assim, mesmo trabalhando em apoio a projetos ligados às obras de integração da bacia do São Francisco com outros rios no Nordeste Setentrional, o professor José Alves vê problemas graves. Por exemplo: a cada ação de desmatamento para abertura de um canal, por exemplo, a empreiteira responsável deve executar um Programa de Restauração da Área Degrada. Nesses programas, José Alves afirma que raras vezes são plantadas vegetação da caatinga e são comuns as gramíneas ou espécies exóticas.


O Ministério da Integração rebate as críticas por atacado ou de forma identificada. A coordenador geral de programas ambientais, Elianeiva de Queiroz Viana Odísio, está no projeto desde janeiro de 2004, e responde pelos PBAs. Ela detalha que alguns programas são executados com parceiros como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a própria Univasf, e outros são executados por empresas contratadas. Em uma declaração: “Todos os programas estão sendo executados adequadamente de acordo com o objetivo e o cronograma proposto”.


Aspectos como as mudanças que ocorrerão com a forma de plantar do agricultor são rebatidas. O argumento utilizado são os projetos de infraestrutura propostos na obra e os PBAs em execução. Ou mesmo a mudança do perfil do trabalho, que atraiu os jovens para as grandes obras não são considerados. “As obras aumentaram a oferta de emprego e melhoraram as condições de trabalho no meio rural da região. Sendo assim, não haverá o abandono da atividade rural, muito pelo contrário, haverá o crescimento, principalmente quando os canais do São Francisco estiverem em funcionamento”.


O governo federal não está sozinho. Entre as populações de municípios distantes do Rio São Francisco, que terão seus rios perenizados, muitas expectativas. O advogado e jornalista Fernando Valença é entusiasta de primeira ordem e defende a transposição em qualquer fórum. Seus argumentos, no entanto, são os mesmos divulgados pelo Ministério da Integração Nacional. O padre Djaci Brasileiro, de Monteiro, Paraíba, é outro defensor da obra. Ele utiliza como principal ponto a esperança de que a água altere a realidade do semiário paraibano.






Fotografia
Velho Chico e o sertão vai virar mar


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sábado, 19 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Peixamento na foz do Velho Chico

4/02/11 18:41

Codevasf repovoa foz do Rio São Francisco com um milhão de peixes

 
Crianças participaram do lançamento de peixes no rio São Francisco
Assessoria 5ª SR Codevasf
Crianças participaram do lançamento de peixes no rio São Francisco

A foz do rio São Francisco, situada entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE), recebeu no domingo (13) a inserção de um milhão de alevinos de espécies nativas do “Velho Chico” durante as comemorações da Festa de Bom Jesus dos Navegantes do município alagoano. O peixamento foi realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) dentro das ações do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em parceria com a Prefeitura Municipal de Piaçabuçu.
O peixamento ocorreu em pontos próximos a Colônia de Pescadores Z-19 e ao porto da balsa que liga Piaçabuçu (AL) à Brejo Grande (SE). Entre as espécies inseridas no rio São Francisco estão o curimatã pacu, a xira e o piau, todos produzidos no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), centro tecnológico da Codevasf situado no município de Porto Real do Colégio. Os peixes inseridos no domingo (13) deverão estar aptos para consumo em aproximadamente um ano.
“Esse peixamento que realizamos todos os anos no Bom Jesus de Piaçabuçu é fundamental para o equilíbrio ecológico da foz do São Francisco. Nossos pescadores reclamam constantemente da falta de peixes. O rio está seco com o assoreamento em alguns trechos e a população tem sofrido com a escassez de vida no Velho Chico”, declarou a secretária municipal de Meio Ambiente de Piaçabuçu, Maria Geilma Feitosa. Segundo a secretária, a prefeitura pretende tornar tradição durante a festa de Bom Jesus dos Navegantes os peixamentos na foz do São Francisco.
O superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Antônio Nélson de Azevedo, que esteve presente ao peixamento, comemorou o sucesso de mais um peixamento promovido pela Codevasf na bacia do rio São Francisco. “Muitos pescadores têm nos procurado para comentar o aumento na oferta de peixes após as ações de peixamento. Isso para nós é bastante gratificante, pois significa a colheita dos frutos do trabalho de revitalização do São Francisco executado pela Codevasf”, afirmou.
Já o chefe de gabinete da Prefeitura de Piaçabuçu, Chico Dantas, que representou o prefeito Dalmo Santana no peixamento, mostrou-se satisfeito com os resultados da parceria entre Codevasf e poder público municipal para repovoamento da região da foz do São Francisco.
“Algumas pessoas enxergam somente a festa que é realizada em torno do peixamento e não entendem a magnitude dessas ações para a vida no rio. Piaçabuçu é um município que possui uma atividade expressiva de pesca artesanal. Muitas famílias sobrevivem por gerações do pescado retirado do São Francisco. Então, quando a Codevasf coloca um milhão de peixes no rio, ela traz renda e alimento para essa população”, declarou.
Chico Dantas ainda confirmou a realização de outros peixamentos nas próximas edições da Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Piaçabuçu, mantendo a tradição de prestigiar o protetor dos navegantes com mais vida no rio São Francisco.
 

por Assessoria 5ª SR Codevasf

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Contaminação no Velho Chico

SOS ÁGUAS DO VELHO CHICO: "FORTEMENTE CONTAMINADAS POR METAIS PESADOS"


Ponte sobre o Rio São Francisco, em Três Marias, MG (Foto: Blog Travessando)


Pesquisas mostram contaminação por metais pesados no Rio São Francisco

Publicado em fevereiro 9, 2011 por Henrique Cortez
Segundo estudos da UFMG, as águas do São Francisco em Três Marias (a cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte) estão fortemente contaminadas por metais pesados (como zinco, cádmio e cromo), lançados por antiga metalúrgica
Duas pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na Bacia do Rio São Francisco mostram como a natureza pode sofrer por anos a fio com impacto ambiental e como os riscos à saúde humana por causa da poluição podem persistir no tempo.
Segundo as pesquisas, as águas do Rio São Francisco em Três Marias (a cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte) estão fortemente contaminadas por metais pesados (como zinco, cádmio e cromo), lançados pela metalúrgica da extinta Companhia Mineira de Metais (CMM) a partir de 1969, quando teve início a produção de zinco eletrolítico (utilizado para revestir peças de ferro e evitar ferrugem).
Os metais pesados foram lançados por cerca de uma década no Córrego da Consciência, que alimenta o São Francisco. Somente no fim dos anos 70, a CMM construiu um dique isolando os resíduos da metalúrgica do leito do rio. De acordo com a geógrafa Elizêne Veloso Ribeiro, autora do estudo com as amostras de água, os metais pesados podem causar câncer e afetar o sistema nervoso e o sistema reprodutivo se forem acumulados no organismo.
Ela ressaltou que não há mais o lançamento de metais pesados pela metalúrgica (hoje sob o controle da Votorantim Metais). O geólogo Wallace Magalhães Trindade, responsável pela pesquisa com os sedimentos do rio, explicou, no entanto, que os rejeitos do passado formam “um estoque de contaminação” que está depositado no fundo do rio. As partículas dos metais pesados sobem e ficam no corpo da água conforme a mudança no volume e na temperatura do rio.
O gerente corporativo de Meio Ambiente da Votorantim Metais, o geólogo Ricardo Barbosa, disse à Agência Brasil que “não há risco nenhum à saúde humana e que os peixes não estão contaminados”. Ele afirmou que a metalúrgica “não descarta mais resíduos no rio”, cumpre as condicionantes da licença ambiental e monitora “exaustivamente” a área conforme a legislação ambiental. O gerente informou que será retirado das proximidades do rio um depósito já desativado de resíduos.
Elizêne Veloso Ribeiro e Wallace Magalhães Trindade destacaram que a aplicação das leis ambientais evita problemas e ressaltaram o papel da fiscalização para o controle e monitoramento da qualidade do rio. Eles lembraram, porém, que as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) não regulamentam o lançamento de todas as substâncias tóxicas encontradas pelas pesquisas no Rio São Francisco, o que dificulta o trabalho de fiscalização.
Além da presença dos metais pesados, as pesquisas identificaram problemas no Córrego Barreiro Grande (que também alimenta o Rio São Francisco) por causa do lançamento de esgoto urbano e industrial em Três Marias. Durante quase um ano, as pesquisas coletaram amostras de água em um trecho de 160 quilômetros de extensão, que banha 15 municípios.
Outro passivo ambiental, em menor grau que Três Marias, foi verificado em Pirapora (a 340 quilômetros de Belo Horizonte), por causa da atividade metalúrgica e da indústria têxtil local.
Denúncias sobre poluição de rios em Minas Gerais podem ser feitas nas superintendências regionais do Instituto Mineiro de Gestão das Águas ou pelo telefone (31) 3919.1177. Recentemente, o governo de Minas criou, na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma subsecretaria de fiscalização, cujos telefones são (31) (31) 3219.5518 ou 3219.5521.
Reportagem de Gilberto Costa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 09/02/2011

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